O que é ser normal? O que é ser louco?
Será que a normalidade já não se tornou doença, a normose?
Será que tantas mascaras, etiquetas e crachás nos tiraram de nosso verdadeiro papel?
O LOUCO (Khalil Gibran Khalil, poeta libanes do séc. IX):
Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:
"Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei e um sonho profundo e notei que todas as minhas mascaras tinham sido roubadas - as 7 mascaras que eu havia confeccionado e usado em 7 vidas - corri sem máscara gritando pelas ruas cheias de gente:
Ladrões! Ladrões, malditos ladrões!
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:
"É louco!"
Olhei para cima para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas mascaras.
E, como num transe, gritei:
Benditos! Benditos os ladrões que roubaram minhas mascaras!
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto a liberdade como segurança em meio da loucura:
A liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido. Pois aquele que nos compreende, escravisa alguma coisa em nós."
Sobre Pais e Filhos, retirado do livro O PROFETA de Khalil Gibran Khalil:
E a mulher que carregava seu filho nos braços disse:
- Fala-nos dos filhos
E Ele disse:
"Vossos filhos não são vossos filhos .
São os filhos e filhas da ânsia da vida por si mesmos.
Eles vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, pois ele têm seus próprios pensamentos. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas, pois estas moram na mansão do amanhã, que vós não podereis entrar nem mesmo em sonho.
Podei esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós.
Porque a vida não anda para trás e não se demora nos dias passados.
Vós sois os arcos dos quais seus filhos são arremessados como flechas vivas.
O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e projeta suas flechas rápido e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja a vossa alegria.
Pois assim como Ele ama a flecha que voa, também ama o arco que permanece estável."
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